terça-feira, 5 de março de 2013

Os vampiros espirituais

Como uma característica individual, costumo observar o comportamento, reações e atitudes das pessoas à minha volta para tentar compreendê-las e me adaptar a elas com a intenção de manter uma relação, no mínimo, amistosa.

Por conta disso, acabei descobrindo uma espécie de pessoas que denominei de "vampiros espirituais". 

Durante uma época pensei que as pessoas mais desagradáveis de se conviver eram aquelas que se julgavam saber tudo de todos os assuntos. É muito chato! Não há nada que já não tenham feito, lugares que não tenham ido nem livro que não tenham lido. A conversa não flui e todos não veem a hora de pedir a conta.

Infelizmente conheci pessoas piores. Muito piores. Desagradável é qualidade!

Os vampiros espirituais são simpáticos. Como na ficção, adoram ser convidados para entrar na vida dos desavisados. Entram e mantém uma postura e aparência de felicidade. 

(Óbvio que não conseguem mantê-las por muito tempo pois os vazios de sua alma logo afloram). 

Os vampiros espirituais ganham a sua confiança e então começam a destilar todo seu veneno nefasto, inicialmente pela fala. São pessoas críticas e, como nas glutonarias, se fartam das palavras ociosas e julgamentos para diminuir e achar falta nas pessoas.

Qualquer ocasião é motivo de crítica. Saem das festinhas de criança agradecendo mas no segredo de seus carros, despejam seus comentários maldosos sobre tudo e todos. Ninguém fica de fora de seus dentes e línguas afiadas. Usam das minúcias para apontar defeitos e perícia para cobrar comportamentos!

Os vampiros espirituais são soberbos, logo se percebe que não aceitam ser contrariados, são os famosos "donos da verdade". Não aceitam correção pois jamais serão capazes de admitir seus erros. 

Os vampiros espirituais são irreconciliáveis pois pretendem justificar suas mágoas, críticas e julgamentos  e assim mantê-los por longo tempo. Detestam quando há harmonia nos lugares que frequentam pois a discórdia é seu deleite.

Os vampiros espirituais são invejosos e se incomodam profundamente com o sucesso e alegria alheias. Cumprimentam com um sorriso amarelo, elogiam sem sinceridade e em seus corações tem a certeza de que são melhores e que esse sucesso deveria ser seu por merecimento.

Os vampiros espirituais tem um olhar sem luz. A luz do corpo são os olhos e como não possuem tal benefício sempre te fitam fixamente por vários segundos com a cabeça meio abaixada. O vácuo deixado por seus olhares opacos parecem consumir  a quem recebe. Há um incômodo evidente no ar.

Os vampiros espirituais não conseguem controlar seu temperamento. Nunca se sabe se estão de bom ou mau humor. Ora te cumprimentam e são seus melhores amigos, ora te ignoram. 

Os vampiros espirituais lamentavelmente se misturam com as pessoas de bem e como o joio, se camuflam ao trigo sendo difícil sua identificação. Mantém aparência de piedade e costumam fazer o que lhes é designado com o fito, o único fito de gabarem-se de suas obras, receberem as lisonjas e jamais, jamais deixarem de falar e exaltar sua "bondade", atos "caridosos" e suas capacidades de realizações.

O apóstolo Paulo talvez tenha pensado nelas quando disse à Timóteo: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes, afasta-te (...). Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade". (II Tim. 3: 1-7)

Os vampiros espirituais literalmente sugam o que há de bom nas pessoas. Sem auto-domínio, falam e fazem o que seu coração indolente e de orgulho transbordante deseja e se contentam com os resultados produzidos: mágoa, tristeza, baixa auto-estima. Põem suas cabeças tranquilamente nos travesseiros (por terem "lavado a alma") em detrimento do sofrimento de seu adversário, ou melhor, vítima.

Os vampiros espirituais estão por ai, soltos, em todos os lugares. Queria eu ter uma bala de prata para aniquilá-los dos meus caminhos e dos caminhos dos bons, mas, esse "antídoto" não seria eficaz para eles, porque suas enfermidades estão na alma, no intangível. 

É difícil de acreditar, mas eles verdadeiramente existem e possuem todas essas virtudes às avessas. Já fui vítima de suas armadilhas e hoje, pelo simples fato de estar no mesmo recinto já sinto sua influência maligna e perco as forças em muitos atributos. Por isso, como aconselhou Paulo, "destes, afasta-te".





9 comentários:

  1. Edu
    Eu tive uma experiência pessoal, direta. Se não me engano relatei numa crônica denominada "encontros e desencontros". Muito bom. MM

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    1. Procurei esse artigo lá no seu blog mas não achei. Manda o link to texto para eu ler.

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  2. Muito bom amigão. Seus dedos conseguem expressar o que a mente produz. Parabéns.

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  3. Edu!!! Como vc consegue escrever tão bem tantas verdades?
    Vc, além de inteligentíssimo, é inspirado!

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  4. Texto maravilhoso, verdadeiro!! Estamos rodeados de "Vampiros espirituais" que possamos abrir nossos olhos e colocar eles para correr! Parabéns, com o texto abro mais meus olhos ainda!

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  5. Infelizmente concordamos com esta realidade... e precisamos nos cuidar, a despeito destes personagens frios...... se não podemos "vencê-los", se não devemos nos unir a eles... e infelizmente em poucos casos, mas existentes, não temos como de imediato tirá-los de nosso convívio... então aproveitemos de bom, o aprendizado, e a oportunidade de desenvolvermos a capacidade de nos defendermos, de nos blindarmos contra sua influência e sobretudo de adquirirmos a tão sonhada RESILIÊNCIA! Parabéns pelo texto! Você foi simples, porém coeso, de ótimo entendimento!

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  6. Nossa, que medo!!!!! Prefiro o Edward e sua família!!!!

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  7. Pior que existem E tem prazer e te fazer sentir mau .

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